Uma pesquisa feita pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) avaliou a educação em escolas de 264 cidades do interior do Nordeste. Os pesquisadores constataram que há escolas com desempenho abaixo do esperado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Foram entrevistados secretários municipais, alunos, pais, professores, conselheiros e gestores de escolas, num total de 8.352 pessoas.
A coordenadora da pesquisa, a socióloga Cibele Rodrigues, explicou, em entrevista ao Bom Dia Pernambuco desta segunda-feira (4), os detalhes da pesquisa. “A ideia da gente quando foi proposta a pesquisa era contribuir para melhorar a política. Então, era produzir dados em que o Ministério da Educação possa ter mais conhecimento sobre essa região, que é o Nordeste. E daí abrir o debate e contribuir, ver quais são as lacunas, o que está sendo feito”, disse.
Especificamente em Pernambuco, a coordenadora comentou os destaques encontrados na pesquisa. “Os municípios de Pernambuco, 100% desses que estão na pesquisa, a indicação dos diretores é política, a gente não encontrou nenhum em Pernambuco com eleição, desses municípios da pesquisa”, contou. “Tem uma coisa positiva porque tanto em termos de projeto pedagógico que é uma coisa muito importante para a escola, Pernambuco tem 100% dos municípios pesquisados, enquanto na média da pesquisa está em torno de 36% das escolas e Pernambuco quase 100%. Então isso é uma coisa positiva porque é um dado de realidade importante para as escolas”, lembrou Cibele Rodrigues.
Participaram do estudo apenas escolas da rede municipal de ensino. De acordo com a pesquisa, quando o assunto é planejamento municipal, 71% dos pais de alunos não sabem se o planejamento existe ou não. Quanto à escolha dos diretores, para aproximadamente 95% dos alunos, professores, diretores e secretários, a escolha do diretor está sendo por indicação política e 83% dos pais afirmaram nunca terem votado para escolher o diretor.
Sobre o acesso à escola, envolvendo transporte escolar, 10% afirmaram usar caminhão, 20% caminhonete, 76% aderiram ao programa caminho da escola, 79% usam recursos próprios para o transporte escolar e 94% afirmaram usar ônibus. Já em relação aos programas de incentivo à leitura dos aluno, 22% dos pais identificaram a doação de livros para os filhos, 75% dos professores usam roda de leitura, 66% vão para as bibliotecas e 78% dos gestores mencionaram roda de leitura como forma de incentivar os alunos.
A coordenadora destaca a importância dos dados levantados pelo estudo. “É uma das diretrizes do MEC que tenha grande participação dos pais porque já existem estudos que mostram que a participação dos pais na escola, no planejamento, o envolvimento deles, melhora a qualidade da educação. Então a ideia é perguntar sobre isso e quanto mais eles tiverem envolvidos, eles podem contribuir, dar sugestões”, comentou Rodrigues.
Sobre a constatação de que os gestores teriam indicação política, a coordenadora afirma que pode fazer diferença no aprendizado. “Faz diferença no sentido do aprendizado democrático, no sentido do envolvimento e comprometimento das pessoas com a gestão. Uma gestão que é escolhida, as pessoas têm muito mais comprometimento, uma melhor relação. Então a gente vê baixo índice quando se fala de conselho escolar, participação baixa dos pais, dos alunos”, explicou.
Com relação a essa participação, ainda é preciso melhorar o índice em algumas cidades. “Ainda é em torno de 50% a participação em conselhos escolares. A gente vê que tem uma participação maior no âmbito da escola, mas a ideia da política do Ministério da Educação é ampliar a participação no planejamento municipal. A política discute hoje em termos de planejamento, então a importância que os pais estejam envolvidos nisso daí e os estudantes também”, afirmou.
Um encontro que começa nesta segunda vai fazer com que esse estudo chegue às mãos dos responsáveis pela educação no país. “A partir de hoje a gente está começando um seminário, hoje e amanhã, com os secretários de educação e com técnicos das prefeituras de 143 municípios de toda a região Nordeste. Então a gente quer discutir com eles. Também foi convidada uma representante do Ministério de Educação. Então, pesquisadores, Ministério da Educação, secretários e funcionários, técnicos que trabalham diretamente com isso [..] A gente vai estabelecer um diálogo para ver quais os diálogos, quais são os caminhos”, finalizou.
G1 PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Em breve seu comentário será adicionado. Obrigado!