Entre os dois eixos
da Transposição de águas do Rio São Francisco, em direção ao território
indígena Pankará, onde o governo pretende instalar a primeira usina nuclear do
Nordeste, no coração do Semiárido em tempo de seca, nós, cidadãos, cidadãs,
indígenas, quilombolas, movimentos sociais, populações urbanas, igrejas,
homens, mulheres, idosos, jovens e crianças, reunidos na Marcha das Águas,
juntos com as entidades promotoras e participantes deste Ato Público,
inauguramos a Cúpula dos Povos em pleno sertão de Pernambuco, no último dia 03
de junho.
Marchamos juntos para
protestar e afirmar que as grandes obras não resolverão o problema do povo; uma
usina nuclear só tende a piorar o que já é ruim. Não queremos mais uma obra que
destrói a biodiversidade, contamina as águas, polui o ar, ameaça as pessoas e
ainda pode deixar lixo atômico para as gerações futuras, nos próximos 100 mil
anos.
O POVO NÃO QUER USINA
NUCLEAR!
Pois, até hoje
centenas de famílias sofrem com os desmantelos causados pela Barragem de
Itaparica, hoje denominada Luiz Gonzaga; são marcas profundas que o tempo não
apaga. Não precisamos da energia termonuclear, porque ela é suja, cara e
perigosa. Sob qualquer ponto de vista –social, ambiental, político, econômico e
cultural – ela é insustentável e indefensável. Depois do acidente de Fukushima,
no Japão, a maioria dos países dela desiste. Por que o Brasil insiste no
obscuro Programa Nuclear? Exigimos a imediata suspensão deste programa. Temos,
como nenhum outro país, muitas e diversificadas fontes de energia: a biomassa,
solar, eólica, das marés – a serem desenvolvidas com respeito às pessoas e ao
meio ambiente.
Tudo o que nos
prometeram falhou. Nenhuma grande obra nos ajudou. Resultados reais tivemos, em
algumas políticas sociais que chegaram dentro de nossas casas, em nossas
comunidades e ajudaram a melhorar nossas vidas, boa parte delas em consequência
da ação organizada da sociedade.
A hora grave vivida
pela humanidade e pelo planeta exige de nós, mesmo ao revés de interesses
econômicos, posturas éticas, de responsabilidade mútua pelo Bem Comum das
atuais e futuras gerações. A presença ainda numerosa de povos originários nesta
região nos possibilita o resgate de suas tradições culturais, junto com a
demarcação de seus territórios, para um diálogo intercultural e afirmação de
utopias de "um outro mundo possível”, sem a ameaça nuclear.
Nossa região não
precisa de mais uma megaobra problemática, carecemos de investimentos públicos
em educação, saúde, segurança, soberania alimentar e hídrica, economia popular
e solidária, reforma urbana que humanize a cidade, reforma agrária verdadeira,
agilidade no processo de identificação e demarcação dos territórios
tradicionais. Queremos investimentos na Convivência com o Semiárido, na
agroecologia, queremos água através das adutoras para as populações das cidades
e a revitalização do nosso grande manancial que é o rio São Francisco. USINA
NUCLEAR NÃO!
Por isso reafirmamos,
a Rio+20–particularmente a Cúpula dos Povos– começa aqui em Itacuruba, neste
dia 03 de junho, em pleno sertão de Pernambuco. Dia que vai ficar marcado para
sempre em nossa memória como Dia de Luta, afirmação da vontade popular!
Itacuruba, 03 de
junho de 2012.
Articulação
Antinuclear Brasileira -Articulação Popular São Francisco Vivo (SFVivo) - Articulação
e Organização dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo
(APOINME) –Associação Ambientalista da Cidade de Camaragibe/PE - Associação
Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF) - Associcação
Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA) - Associação dos Beneficiários do
Projeto Miguel Arraes de Alencar/Petrolândia/PE - Associação dos Geógrafos
Brasileiros (AGB) –Associação Movimento Paulo Jackson - Ética, Justiça,
Cidadania/BA - Caritas NE2– Centro das Mulheres do Cabo/PE - Centro Cultural
Comunitário Direito de Ser/Itacuruba/PE- Coalização por um Brasil Livre de
Usinas Nucleares - Comissão Pastoral da Terra (CPT) - Comissão Paroquial de
Meio Ambiente de Caetité/BA -Comunidades e Povos Indígenas dos Pankará, Pankararu,
Tuxá, Pankararé, Atikum, Neopankararé –Comunidades Quilombolas Negros de Gilú,
Poço dos Cavalos e Ingazeira/Itacuruba– Comunidade Quilombola Conceição das
Crioulas/Salgueiro/PE - Confraria do Rosário (Remanescentes de
Quilombo)/Floresta/PE – Confraria dos Romeiros de Floresta/PE - Conselho
Indigenista Missionário (CIMI) - Conselho Municipal de Meio Ambiente/Jatobá/PE
- Diocese de Floresta – Eco Vida/Cabo/PE - Executiva Nacional dos Estudantes de
Veterinária (ENEV) – Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social
(ENESSO) – Federação Nacional dos Estudantes de Direito (FENED), Federação de
Órgãos para a Assistência Social de Educação (FASE) - Fórum de Reforma Urbana
de Recife/PE (FERU) - Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB) -
Fundação Heinrich Böell - Greenpeace - Grêmio Estudantil Ação Jovem/Belém do
São Francisco/PE – Igrejas Evangélicas de Jatobá/PE – Instituto Bioeste/BA -
Instituto Búzios/BA - Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá) - Instituto da
Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA)/Juazeiro/BA – Movimento Ecossocialista
de Pernambuco (MESPE) -Movimento Iniciativa Popular Contra Usinas Nucleares -
Paróquias de Belém de São Francisco, Floresta, Itacuruba e Jatobá/PE -
Prefeitura de Jatobá/PE –Projeto para o Semiárido Tacaratu (PROSA)/PE - Rede
Virtual Cidadã pelo Banimento do Amianto para a América Latina - Secretaria de
Educação de Jatobá/PE - Secretaria de Cultura de Itacuruba/PE – Secretaria de
Educação de Floresta/PE – Serviço Pastoral dos Migrantes no Nordeste (SPM_NE) -
Sindicato dos Professores de Floresta/PE – Sindicato dos Químicos de São
Paulo/SP -Cooperativa Agropecuária Familiar do Assentamento Angico II
(COOPAFITA) / Itacuruba/PE.
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