Postado em 14/03/2012 às 11:21
O Boavistano - As cidades de Petrolina-PE, um destaque nacional, e Lagoa Grande-PE são filhas prósperas de nossa cidade, Santa Maria da Boa Vista. Em sua opinião quais são os principais problemas que impedem o nosso município evoluir? E quais as medidas necessárias para enfrentá-los?
Edvaldo Jericó - A visão ingênua diz que Petrolina cresceu graças ao grande trabalho da família Coelho - isso é verdade apenas parcialmente! Quem conhece um pouco mais a fundo a história contemporânea do Brasil sabe que Petrolina foi escolhida pela ditadura militar para se tornar um polo de desenvolvimento, na chamada "Era do Crescimento do Bolo". Infelizmente, como provém daquele pensamento militar, o crescimento de Petrolina se deu quase sempre sugando tudo o que poderia ser distribuído na região. De certa forma, ainda hoje ela cresce sufocando as cidades vizinhas - veja, por exemplo, quantos milhões foram anunciados este ano para a agricultura de Petrolina, enquanto nenhum centavo foi destinado para reavivar a agricultura de Santa Maria da Boa Vista!
Contudo, nossos líderes históricos têm também grandes responsabilidades neste processo. Muitas vezes parece que nossos governantes governam com ódio, relegando o bem estar da população a segundo plano, ou, por vezes, a plano nenhum!
Nosso primeiro desafio é vencer o ódio, manifestado aqui nas mais diversas formas. Só assim será possível construir um pacto de crescimento, para dar sustentação a um projeto de desenvolvimento municipal para os próximos 16 ou 20 anos. Esta questão é séria e urgente.
O Boavistano - Que leitura o senhor faz do atual momento politico que vive Santa Maria da Boa Vista? O que acrescentará à história de nossa cidade?
Edvaldo Jericó - Como já disse em outras entrevistas, este momento representa a chegada de Santa Maria da Boa Vista ao fundo do poço. A eleição de 2012 está chegando e ainda não terminamos a eleição de 2008! A insegurança jurídica está instalada em nosso município: hoje temos um prefeito provisório, que pode sair a qualquer momento, um prefeito afastado, que pode retornar a qualquer instante, e um presidente da Câmara de Vereadores, que pode vir a ser empossado toda terça e toda quinta! São três prefeitos afinal de contas! Isto é um absurdo e parece-me uma usurpação dos direitos dos nossos cidadãos.
Porém há uma luz no fim do poço! A população está cansada de tudo isto e já dá sinais de que ela, a população, virará o jogo ainda este ano!
O Boavistano - O senhor declarou recentemente que é pré-candidato a prefeito de Santa Maria da Boa Vista. O que o levou a tomar esta decisão, mesmo estando distante das atividades partidárias há tanto tempo?
Edvaldo Jericó - De fato estive longe das atividades partidárias por alguns anos, mas, ao contrário de algumas pessoas que agora retornam dando uma de Salvadores da Pátria, nunca abandonei a nossa cidade e seus problemas! Não parei um só minuto de lutar por melhores condições de vida para o povo desta cidade, quer sejam natos, quer sejam daqueles que aqui chegaram.
Estando bem presente enquanto cidadão, participei de diversos grupos de reflexão política. Nestas reflexões, em sintonia com a maior parte da nossa população, percebemos a necessidade de uma proposta de gestão e de uma candidatura que represente uma verdadeira mudança, de uma candidatura que quebre esta "guerrinha de primos" que levou nossa cidade ao fundo do poço.
Sou um dos 110 membros do grupo de coordenação nacional do Movimento Nova Política - grupo formado em Brasília, em agosto de 2011; tenho uma visão política bem diferente do pensamento ultrapassado que governa nossa cidade, sempre agi com ética, transparência e coerência; amo Santa Maria da Boa Vista mais que a qualquer outro lugar do mundo; tenho boa formação na área financeira e administrativa; sou apaixonado militante das políticas públicas...
Enfim, muitos dos participantes dos grupos de reflexão percebem em mim alguém preparado para começar uma nova fase na administração de nossa cidade. E, por comungar com eles, permanecerei na lutar até as últimas consequências!
O Boavistano - Saúde, educação e trabalho são reclamações constantes da sociedade. Em seu ponto de vista que atenção vem sendo dada a esses temas no nosso município? O senhor tem em mente o que se precisa fazer para melhorar?
Edvaldo Jericó - É pena que nosso governo municipal não tenha sequer um plano de governo. Como não há um planejamento, tudo é feito no improviso e não se chega a lugar algum.
Saúde, educação e trabalho devem ser prioridades, não apenas em discursos, mas, principalmente, em atitudes. É preciso construir um plano não só para elas, mas para todas as outras áreas. Esse plano deve ser construído coletivamente, com forte participação do nosso povo, através das organizações sociais, contendo metas para 4, 8, 12, 16 e 20 anos. Vejam que não estou falando de um plano de governo (que para mim é o mínimo!), mas de um plano de desenvolvimento para o município.
Quanto ao plano de governo, é claro que já temos algumas ideias, mas penso que não seria legal nem estratégico divulgá-las neste momento.
O Boavistano - Uma campanha política necessita de recursos, de onde o senhor pretende retirar esses recursos?
Edvaldo Jericó - Farei uma campanha dentro da Lei, o que por si só já torna os custos da campanha bem menores.
Os recursos necessários serão conseguidos via partido, dentro do fundo partidário e de doações daqueles que acreditam na construção desse projeto para Santa Maria da Boa Vista, mas tudo feito dentro da Lei, respeitando a legislação eleitoral.
Por falar neste assunto, lembrei-me das prestações de contas dos candidatos a prefeito em 2008. Um deles declarou que não gastou nenhum centavo em combustível! Fico me perguntando: como ele visitou as comunidades rurais? Certamente não foi voando. Caso os carros tenham sido abastecidos através de doação, estas doações deveriam aparecer na prestação de contas, mas também não aparecem!
A população precisa dar mais atenção a estas coisas, pois se a obscuridade reina numa prestação de contas de campanha, quanto mais coisas podem haver num exercício de mandado de um político deste!
O Boavistano - Quais diferenças, o senhor vê entre a administração atual e a anterior? Se confirmada a sua candidatura o senhor pretende ser diferente? Ou daria continuidade ao modelo atual de gestão?
Edvaldo Jericó - Por mais que se discorde dos rumos dados e da forma de gestão, o governo anterior tinha um projeto e parecia saber onde pretendia chegar. O governo atual me parece perdido, sem planejamento, de forma que o prefeito não direciona o seu governo.
Nossa pretensão é iniciar um projeto de mudança, de planejamento e de construção da prosperidade. Esta construção, a se iniciar em 2013, será complementada ao longo de décadas. Teríamos, então, uma administração muito diferente de tudo o que já vimos antes.
O Boavistano - O PV é um partido ideológico, defende posições relacionadas ao meio ambiente. O senhor já tem esse posicionamento politico ideológico, ou se filou ao PV apenas com a finalidade de disputar as eleições?
Edvaldo Jericó - Como um dia ouvi um membro do "Coletivo São Francisco Sim, Barragem Não!" dizer, o discurso ecológico não se aprende de uma hora para outra. Felizmente este discurso sempre fez parte de minha caminhada, basta ver as dezenas de palestras em escolas, bairros, associações e comunidades rurais, que coordenei ao longo das últimas décadas no Projeto Paixão de Cristo do São Francisco, bem como no próprio Coletivo. Além das palestras, realizamos caminhadas na cidade, plantio de árvores, limpezas às margens dos rios, entre tantas outras atividades
O Boavistano - O PV tem conseguido implantar sua ideologia em nosso município? Que ações o senhor pode citar?
Edvaldo Jericó - O pensamento do PV vai muito além da preservação ambiental: o projeto do Partido é de desenvolvimento sustentável. A ideologia do PV só pode ser implantada no contexto de uma administração que trate esta questão como prioritária.
O Boavistano - Como o senhor explica a crescente e relevante contribuição da família Jericó ao cenário político boavistano das ultimas décadas? Todos o apoiam como político?
Edvaldo Jericó - Além da contribuição política, minha família sempre contribuiu significativamente com o desenvolvimento da cidade, embora nunca estivesse no poder. Estas contribuições se deram e se dão em variados campos: nas escolas, no desenvolvimento de políticas públicas para a juventude, no desenvolvimento cultural, nas organizações sindicais e de classe, nas igrejas...
Quero lembrar-lhes que assino com os sobrenomes Jericó e Bezerra, com os quais fui registrado, mas tenho sangue de muitas outras famílias, conforme estou pesquisando e tentando fazer minha árvore genealógica - estou encontrando parentesco com pessoas que nunca imaginei!
Minha família é muito grande e muito politizada - como também o são outras. Sendo tão grande, é natural que alguns ainda estejam distantes, mas posso garantir que a quase totalidade da minha família acredita neste projeto de mudança e ajudará a construí-lo.
O Boavistano - Há boatos de que o PV estaria rachado, numa disputa entre o seu nome e o nome do presidente do partido, o ex-vereador Antônio Pereira. Isso é verdade?
Edvaldo Jericó - Eu não concordo com este pensamento. Primeiro porque não entrei no partido para disputar com o companheiro Antônio Pereira - na verdade entrei no PV, como já disse, a pedido dele. E entrei já como pré-candidato. Ademais, ter dois nomes para apresentar à sociedade não me parece divisão, mas opção. Temos duas opções, dois nomes bem diferentes e ambos possuímos qualidades.
Sinto o apoio das pessoas nas ruas, nas agrovilas, nos assentamentos e nas comunidades rurais. Estas pessoas acreditam em mim e me veem como o mais legítimo representante do desejo de uma nova política em Santa Maria da Boa Vista, por tanto, mesmo havendo outros pré-candidatos com qualidade, mantenho meu nome na disputa!
Na hora certa, acredito, o partido terá maturidade para decidir qual o caminho a seguir, qual a melhor estratégia para o fortalecimento da nossa terra e qual o nome a apresentar como candidato majoritário.
Entrevista concedida ao site O Boavistano em 14/03/2012
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